Pandemia, isolamento, distanciamento social. Já estamos cansados de ler sobre isso. Estamos cansados de viver isso. Mas, como dizem por aí: faz parte. Faz parte do momento em que vivemos, e com o ritmo da vacinação no Brasil e o avanço da Covid-19, fica mais difícil imaginar um cenário em que voltaremos totalmente à vida de “antes da pandemia”.
Consequência da Covid-19, o isolamento prejudicou muitas pessoas – tanto mental quanto fisicamente – e gerou alterações na rotina. E pode parecer que não, mas a forma como fazíamos compras foi uma dessas mudanças.
Não gosto do ditado que diz que “enquanto uns choram, outros vendem lenços” – me parece muito com se aproveitar da dor do outro, especialmente em um cenário de crise sanitária.
Mas uma coisa não posso negar: o crescimento do e-commerce e a facilidade da compra online durante a pandemia foram bastante expressivos. O que acabou gerando um novo problema: o consumo excessivo.
E o que o marketing tem a ver com isso?
O Amazon Prime Day ocorreu no início desta semana. (E já começa que não foi apenas um, mas dois dias de ofertas). O marketing em cima da data foi forte. Tweets patrocinados, posts e anúncios nas outras redes, email marketing com ofertas antes mesmo da data.
Como não comprar? Como não ser sugado para dentro das promoções de tanta coisa desnecessária, mas que, graças ao momento de distanciamento social em que vivemos, parecem fazer sentido na nossa vida?
Não sou psicóloga, mas para mim, o consumismo (para quem pode) soa como uma forma de substituição à vida social que muitos tinham antes do isolamento.
Eu mesma comprei um toca discos no ano passado e voltei a colecionar discos de vinil. Criei um novo hábito – ou melhor, renovei. Antes eu tinha o hábito de colocar para tocar meus CDs e ler seus encartes. Agora faço o mesmo com os discos de vinil.
Preciso disso? Não, mas compro. Compro porque ao ouvir as músicas me sinto mais perto de amigos queridos. Sinto que estou mais perto de mim mesma, de quem eu fui, de quem eu era, e de quem eu sou. Isso me ajudou a lidar com o distanciamento e o isolamento nesses meses todos.
E o marketing digital tem um papel fundamental nisso tudo – a Amazon, por exemplo, já percebeu esse meu novo hábito e me manda constantemente ofertas de discos. Os anúncios no Instagram de várias lojas de discos, idem.
O papel do marketing, aqui, é de desabrochar sentimentos e me fazer gastar dinheiro com algo que não preciso diretamente para viver, mas que me deixa feliz. E isso, por si só, já deveria ser suficiente.
Afinal, a felicidade interfere diretamente na saúde mental, assunto que ganhou um lugar de destaque nos discursos empresariais e que precisa sair do papel e ser valorizado sempre. (Antes tarde do que nunca!)
Tá, depois do desabafo, o que você tem a ver com isso?
Você parou para pensar como seus hábitos de consumo mudaram nos últimos 15 meses? E de seus clientes? Você notou diferença nos acessos ao seu site? O engajamento da sua marca nas redes sociais caiu? A crise gerada pela pandemia afetou o poder de compra do seu cliente? O comportamento de compra do seu ICP (Ideal Customer Profile, ou perfil de cliente ideal) mudou?
Se mudou, o que você fez ou está fazendo para se adaptar a esse novo cenário?
Saiba que esse novo momento não é temporário – muitos hábitos adotados no “novo normal” vieram para ficar (assim como a expressão novo normal, que me dá arrepios, mas não vai embora tão cedo).
Faço aqui algumas provocações:
- Você está estudando os novos hábitos de consumo de seu cliente – e usando essas informações?
- Como o seu marketing está se posicionando para sanar as novas dores do seu público?
- Mais importante que isso: seu marketing está oferecendo serviços e produtos que vão, de fato, sanar essas dores no longo prazo?
- Seu cliente vai ficar feliz em comprar de você ou será algo temporário?
Reveja suas campanhas de marketing, alinhe as campanhas com as expectativas do seu cliente – e venda prevendo a felicidade contínua dele. Caso contrário, a relação entre vocês será curta e fadada ao fracasso.
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