Censo Abracom 2025: por que PR se tornou pilar estratégico na era da IA

pr na era da ia
Picture of Clarissa Antunes
Clarissa Antunes

Diretora Executiva da Vocali

O Censo Abracom 2025 acaba de ser publicado e traz um retrato claro do momento pelo qual a comunicação corporativa está passando. É um setor que amadureceu, se diversificou e ganhou relevância estratégica dentro das empresas — e os números ajudam a entender o porquê.

Entre mais de 1.000 agências mapeadas, 82,2% apontam Assessoria de Imprensa como o serviço mais procurado pelos clientes. Mesmo com o avanço de outras demandas (como social media, conteúdo e dados), assessoria e relações públicas (PR) seguem no topo. E isso não é coincidência, é contexto.

Vivemos em um momento em que reputação, credibilidade e coerência narrativa pesam mais do que nunca. Não apenas para a imprensa e para o público, mas agora também para os algoritmos. Se antes falávamos apenas de aparecer no Google, agora falamos de aparecer no ChatGPT, Perplexity, Gemini, Claude, Meta AI e em todas as plataformas de resposta direta. É a era dos answer engines. E aqui está o ponto-chave: as ferramentas de IA generativa só replicam aquilo que já está consolidado em fontes confiáveis.

Isso significa que:

  • Matérias em veículos relevantes se tornam a base das respostas das IAs;
  • Porta-vozes com autoridade publicada aparecem mais nas buscas conversacionais;
  • Cases, estudos e dados proprietários ganham vida longa no ecossistema de IA;
  • Empresas com presença qualificada na imprensa passam a ser vistas pelas IAs como fontes seguras.

Ou seja: PR virou infraestrutura de busca. Infraestrutura de algoritmo. Infraestrutura de autoridade.

O Censo também reforça mudanças estruturais do setor, e entre os achados que mais chamam atenção:

  • A maioria das agências ainda é pequena ou média, mas com atuação especializada.
  • Mais de 75% estão no Sudeste, o que reforça como o mercado ainda é centralizado.
  • A presença feminina cresceu (66,8% do quadro total), mas temos um grande desafio racial, com 78,6% dos colaboradores declarados brancos.
  • Apenas 33,4% possuem políticas formais de Diversidade e Inclusão (DEI), o que mostra uma agenda urgente para o setor.
  • E quase 90% das agências nasceram após os anos 2000, acompanhando o boom digital.

Estamos diante de um setor que cresce, se profissionaliza e ganha maturidade, mas ainda tem lacunas importantes — especialmente em DEI — que precisam ser enfrentadas de forma consistente.

Outro dado que reforça a mudança do mercado: mesmo com tantos novos serviços, o cliente continua buscando PR, comunicação estratégica, conteúdo e redes sociais. Por quê? Porque, no fim do dia, marcas precisam de narrativa, reputação, visibilidade qualificada, construção de autoridade e coerência entre discurso e prática. Nada disso se compra, se constrói.

Com a chegada massiva da IA em todos os processos — de busca, de tomada de decisão, de relacionamento — PR deixou de ser um serviço e passou a ser um pilar estratégico de negócio. E aqui está a conclusão mais importante: a marca que não tem presença qualificada na imprensa perde espaço nos mecanismos de IA. E isso significa perder espaço na formação de opinião, no “funil” de vendas, na reputação digital e na competitividade. Não é sobre “sair na mídia”. É sobre ser encontrado, sobre ser fonte e sobre ser confiável — para pessoas e para máquinas.

O Censo Abracom é um retrato, mas também um alerta. O setor está crescendo, no entanto a exigência sobre nós cresce ainda mais. PR não é mais acessório: é ativo, é dado, é algoritmo, reputação e presença digital distribuída.

Para entrar na conversa, a marca precisa existir na imprensa. Para se manter na conversa, ela precisa ter consistência. E para liderar a conversa, precisa ter autoridade. E autoridade não se improvisa. Se constrói — todos os dias.