Números, tendências, futuro e Inteligência Artificial. A primeira edição do Web Summit Rio, na primeira semana de maio de 2023, mostrou que a inovação é uma realidade e uma necessidade para todo e qualquer tipo de empresa. Mas também deixou claro que, sem pessoas de verdade, será impossível inovar.
Sim, a IA Generativa foi a estrela do evento e quase todo mundo ao menos mencionou o ChatGPT. Dados, Machine Learning e Inteligência Artificial foram incansavelmente mencionados nas sessões sobre marketing, vendas e criatividade.
Como profissional de marketing e comunicação – e um pezinho em vendas -, procurei assistir as palestras e painéis que mais faziam sentido para a minha área, mas não deixei de olhar para os lados. Almocei com desconhecidos, fiz contatos incríveis, conversei com parceiros, conheci pessoalmente clientes que até então eu só conhecia por vídeo e conferi conversas incríveis e inspiradoras.
E depois de quatro dias de imersão, voltei com a cabeça fervilhando de ideias e insights que compartilho a seguir.
5 destaques do Web Summit Rio
Como inovar é algo iminente em qualquer ramo, anotei alguns insights e informações que podem ser observados por empresas de todas as áreas.
1) Dados e mais dados
Se o que não pode ser medido, não pode ser analisado, dá para imaginar que números fizeram sucesso no evento. Mas mais do que números, é importante saber como olhar para eles e como trabalhar com os números. Confira alguns destaques:
- Dados servem para olhar o cenário atual e projetar os cenários futuros.
- Dados em si não devem ser vistos como uma estratégia. Nem a IA. Ambos são meios para desenvolver sua estratégia.
- Trabalhar com dados não deve ser visto como algo rápido. É preciso visão de longo prazo por mais que eles ajudem a tomar decisões mais rápidas.
- 90% das pessoas usam várias plataformas (computador, celular, tablet) e interagem com vários canais (site, redes sociais, mídia offline) antes de fazer uma compra.
2) Growth
A área de growth migrou das startups para empresas de outras áreas e até a indústria vem utilizando a mentalidade de crescimento acelerado para testar novos produtos. Mas o profissional de growth precisa estar em contato com diferentes times dentro das organizações. Marketing e vendas, claro, mas é preciso conversar sempre com o time de produto e com as diretorias para entender o que faz sentido e o que é possível aplicar em cada estratégia.
Andrew Warden, CMO da Semrush, destacou a importância do marketing digital para empresas de todos os setores. Se 9 entre 10 clientes pesquisam antes de efetuar uma compra, a empresa precisa saber o quê, quando e como os clientes pesquisam. “Entender seu público, o que faz com que eles fiquem acordados à noite e como você pode resolver esse problema deve ser a essência das estratégias de marketing”.
Andrew também abordou o tráfego orgânico. Claro, não traz resultados imediatos como a mídia paga, mas no médio a longo prazo você consegue construir uma audiência e manter seu lugar na mente dos consumidores – e no topo das páginas de pesquisa.
3) Pessoas, ESG e Humanidade
No primeiro dia do Web Summit Rio, nos talks da noite de abertura, eu já percebi que o futuro é social. Se as pessoas que constroem o futuro (que operam as máquinas, que usam a Inteligência Artificial) não estiverem bem, não existe produtividade nem criatividade. Logo, práticas saudáveis precisam estar na gestão das corporações.
A busca pelo ESG não pode estar apenas em relatórios e selos nas assinaturas de email.
A sigla, amplamente mencionada em inúmeras palestras e que significa Ambiental, Social e Governança, é um dos caminhos para a inovação. E aqui entra também outra observação: a inovação não precisa estar só atrelada à tecnologia. Inovação também está em olhar para os lados, escutar as pessoas, diversificar o topo.
4) Onde estão seus fãs?
A sessão com a CEO do OnlyFans, Amrapali Gan, me trouxe bons insights. Tem muito mais do que conteúdo adulto por lá e olhar sem preconceito é uma excelente oportunidade de comunicação se seus clientes navegam naquela rede. Um mercado ainda pouco explorado pelos concorrentes pode ser uma aposta bem sucedida se você souber usá-lo da forma correta.
5) Web3
O talk com Ghazi Shami, fundador da Empire, me ajudou a entender melhor a Web3 e como o novo momento da internet colabora para criar cultura e distribuir música de forma mais acessível. A Empire é uma gravadora, distribuidora e editora de música totalmente independente e que utiliza metaverso, criptomoedas e NFT para facilitar e desburocratizar o mercado musical.
O que vem aí no marketing em 2024
A IA está mudando a narrativa corporativa, mas são as pessoas que precisam ser impactadas pela sua mensagem. Listo abaixo pequenos insights que para exemplificar essa tendência:
- Humanidade. Pessoas não querem mais empresas “sem rosto”, elas querem empresas que são humanizadas, que mostram pessoas de verdade e se relacionam com o cliente.
- Experiências únicas. Fale sobre experiências. Conecte-se.
- Conte histórias. Ou melhor, use seus clientes para contar as histórias deles. Isso gera rapport e mostra cases reais, gera confiança e autoridade.
- Linguagem. Use a linguagem de cada plataforma da forma correta – se a rede é social, seja menos formal. Claro, sempre lembrando que não é preciso estar em todos os lugares, mas nos lugares certos.
No fim do dia, são as pessoas que devem ser a estratégia de inovação. Você pode ter os melhores dados, um mercado inexplorado à frente, mas se não tiver as pessoas certas, você não tem estratégia. E lembre-se: o acesso à informação cria a cultura. E a cultura é quem traz a inovação.
O que faltou no Web Summit Rio
Para um evento com centenas de empresas patrocinadoras e quase mil startups se apresentando ao mercado, faltou uma curadoria maior com foco em B2B (Business-to-Business). Ainda assim, reuni alguns questionamentos na única sessão que tinha B2B no título:
- Ainda é possível esperar o lead passar por todo o caminho da jornada de compra?
- Se as pessoas estão por trás de toda e qualquer empresa, por que ainda tratamos as dores de forma tão racional?
- O que você faz com todas as informações coletadas nas reuniões comerciais?
- Onde e quando na jornada você perdeu a venda, e o que poderia ser feito para conseguir atender essas vendas perdidas?
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