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Por Clarissa Antunes, diretora-executiva da Vocali
Fake news, escândalo envolvendo Facebook, “O Mecanismo”. As notícias mais comentadas dos últimos dias giram em torno de política – você gostando ou não. E o tema ganha ainda mais holofote em ano de eleição no Brasil, como é o caso de 2018. Há quem odeie e queira distância, mas também há os curiosos, simpatizantes e empolgados com política. Eu estou no segundo grupo.
Há 10 anos tive minha primeira experiência com política – profissionalmente falando. Naquele ano integrei as equipes de candidatos à prefeitura das maiores cidades de Santa Catarina – Florianópolis (primeiro turno); Joinville (no segundo). Em ambos os casos os candidatos eram de oposição. Em ambas as campanhas eu estava no time que fazia os programas para a TV – eu era responsável pelo roteiro e pauta das equipes que iam pra rua fazer reportagem. A primeira campanha foi bem mais longa – cerca de três meses; a segunda, como já era o embate do segundo turno, mais curtinha.
A estratégia da campanha de Florianópolis e dos programas era, em parte (maior parte) desconstruir o candidato líder das pesquisas, que queria a reeleição. Sendo assim, precisávamos mostrar todos os problemas e gargalos da cidade para deixar claro o quão deficiente tinha sido a gestão atual, que estava pleiteando mais quatro anos. Não ganhamos a eleição – sequer fomos para o segundo turno, mas além de ter me apaixonado pelo clima de campanha (para pessoas competitivas aconselho uma dose, rs), pude conhecer uma Florianópolis até então inédita pra mim. Quantos de vocês conhecem a Tapera (no Sul da Ilha), por exemplo? Fiquei impressionada com a pobreza e com a situação das pessoas que moravam por ali – esgoto a céu aberto, casas paupérrimas, uma população bem pobre mesmo (estamos falando de 10 anos atrás). Talvez até hoje não conhecesse este bairro – e outros – se não fosse por essa experiência.
O dia-a-dia no QG da campanha era intenso, eu praticamente morava lá – e por isso me afastei por três meses da agência. Em apenas um dia tínhamos que planejar respostas aos programas das noites anteriores, repensar estratégia, adaptar roteiros, e tudo isso acompanhando números de pesquisas, identificando regiões com maior número de votos, menor, e por aí vai. Meu contato com os candidatos não era frequente – apesar de ter conhecimento da agenda diária e de às vezes acompanhar a gravação dos programas no estúdio.
Agora, 10 anos depois, com a VOCALI assessorando um partido político em Santa Catarina, me vejo de novo neste debate tão intenso e neste mundo tão essencial que é a política. Tempos piores, é verdade. Tempos de fake news, de escândalo envolvendo Facebook, de “O Mecanismo”. Desafio maior, sem dúvidas. Mas mais uma vez uma oportunidade de ter contato com projetos e ideias que podem sim transformar o Brasil. Você gostando ou não.
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