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Por Merlim Malacoski, analista de Marketing Digital da Vocali
Há quem veja o cinema como mero entretenimento, há quem busque os significados mais profundos de cada obra ficcional, e há aqueles que, como eu, adoram uma desculpa para falar sobre as histórias que cativam nossa imaginação e que – vejam só – também podem trazer insights para a nossa vida pessoal e profissional.
Então vamos misturar cinema e marketing digital e falar de alguns filmes e séries que trazem exemplos sutis ou concretos que podem ser aplicados nas estratégias de produção de conteúdo, gestão de leads e geração de vendas.
Espero que as dicas ajudem suas ações de Inbound Marketing – ou que ao menos rendam uma boa diversão para o fim de semana.
Alien: o 8º passageiro
Construa o relacionamento com seus leads como um suspense bem feito e não como um susto barato
Lançado em 1979, Alien é responsável não somente por apresentar uma das mulheres mais incríveis da história do cinema: a Tenente Ripley, interpretada por Sigourney Weaver. O filme do diretor Ridley Scott também é um marco do terror enquanto gênero cinematográfico, ao criar um horror claustrofóbico e físico.
A eficiência do suspense e da atmosfera de medo reside no fato da ameaça ser bem trabalhada muito antes do alienígena que dá nome ao filme aparecer na tela. E da mesma forma que o roteiro do filme constrói de maneira lenta e constante a dimensão da ameaça do Alien, a produção de conteúdos do Inbound Marketing deve levar em consideração a importância da nutrição dos leads e da oferta contínua de informações relevantes.
Criar um único conteúdo incrível e depois deixar seu lead largado e sem construir um relacionamento é quase como um jump scare dos filmes de terror. Sabe aquele susto de quando o monstro pula na tela? Pois é. Um recurso que pode funcionar momentaneamente, mas que geralmente representa a incapacidade de criar um suspense competente que prenda o espectador do início ao fim.
Star Wars
A jornada do herói e a jornada de compra
A jornada do herói, ou monomito, é um conceito criado pelo antropólogo Joseph Campbell em 1949 que inclui as etapas pelas quais o homem comum passa para se tornar um herói. A jornada do herói descreve ciclos presentes em mitos de diversas culturas, a narrativa da história de figuras como Moisés e Jesus. Além, é claro, de ser amplamente utilizada na literatura e no cinema.
A franquia Star Wars é um dos exemplos mais literais de narrativa que tem como base o monomito, uma trajetória muito parecida com a da jornada de compra do marketing digital.
A jornada do herói de Campbell possui 12 fases: Mundo Comum; O Chamado da Aventura; Reticência do Herói ou Recusa do Chamado; Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural; Cruzamento do Primeiro Portal; Provações, aliados e inimigos; Aproximação; Provação difícil ou traumática; Recompensa; O Caminho de Volta; Ressurreição do Herói e Regresso com o Elixir. Já a jornada de compra é formada pelas etapas de descoberta e aprendizado, reconhecimento do problema, consideração e decisão.
Percebeu as semelhanças? Elas não são à toa. A jornada do herói pode ser aplicada tanto nos estágios da nossa vida profissional e pessoal. Acompanhar histórias como a de Luke Skywalker pode ser uma forma de identificar melhor essas etapas e oferecer os melhores conteúdos para seus leads em cada uma delas.
Black Mirror
A tecnologia é cheia de possibilidades – mas não adianta culpá-la por tudo
Você provavelmente já deve ter ouvido a expressão “Isso é tão Black Mirror”… A série de ficção científica que estreou em 2011 é uma antologia de histórias que abordam o futuro e a relação do ser humano com a tecnologia de modo bastante pessimista.
Black Mirror trata de temas que vão desde a disseminação de ódio nas redes sociais e a busca desesperada por likes até questões existenciais sobre o poder das memórias e a humanidade das inteligências artificiais. Quase todos os episódios das quatro temporadas lançadas, no entanto, têm em comum a percepção de a tecnologia é apenas o meio e não a causa das ações moralmente questionáveis e de todas as desgraças da série.
Ok, mas o que isso tem a ver com o Inbound Marketing (além do poder das redes sociais e da busca desesperada por likes)? Parece meio óbvio dizer que não são as ferramentas, mas o modo como você as utiliza que determina o sucesso das ações de marketing digital, mas esse é um ponto que ainda precisa ser mencionado.
A escolha de plataformas para blog e para gerenciamento de leads e e-mail marketing, é sim determinante para o sucesso de suas ações, já que é preciso escolher as ferramentas mais adequadas ao seu negócio e às suas demandas. Mas de nada adianta optar pelos melhores softwares e sistemas e não gerenciá-los com comprometimento e pensamento estratégico.
Esquadrão Suicida
Não venda aquilo que você não pode oferecer
Da mesma maneira que as estratégias de Inbound Marketing servem para atrair e conquistar leads e possíveis clientes para o seu negócio, trailers buscam chamar a atenção dos espectadores e vender as próximas estreias do cinema. E em ambos os casos, frustrar as expectativas do público costuma ser desastroso.
Esquadrão Suicida (2016) é apenas um dos exemplos recentes de filme cujo trailer era infinitamente melhor que o material final. A produção da Warner que reunia uma equipe de vilões saídos dos quadrinhos da DC Comics passou por diversos problemas de produção, que contribuíram para que o resultado fosse um roteiro sem sentido e um longa sem um tom definido, massacrado pela crítica. Algo muito diferente do que foi apresentado nos primeiros trailers, bem montados, e embalados por músicas icônicas como Bohemian Rhapsody do Queen.
Do desastre que é Esquadrão Suicida, fica a lição: não basta criar conteúdos incríveis para gerar e nutrir leads, se a entrega não é a que foi prometida e se seus produtos e serviços não atendem as necessidades do cliente. Afinal, aqui a ‘nota baixa da crítica ou do público’ significa perda de vendas e de reputação.
Vingadores: Guerra Infinita
Planejamento estratégico e a longo prazo importa! – Tanto para salvar o mundo quanto para gerar vendas
Nada como encerrar a lista com um filme que acabou de estrear nos cinemas e já fez 39 milhões de dólares só em seu dia de estreia. Vingadores: Guerra Infinita é o ápice de um planejamento que inclui mais de dez anos, outros 18 filmes e uma revolução na indústria do entretenimento.
Ah, mas são só aqueles filmes de heróis para vender bonecos para crianças,né? Não deixa de ser. Mas também é a franquia mais lucrativa da história do cinema com quase 15 bilhões de dólares arrecadados em bilheteria – sem contar a venda de bonecos para crianças e outros produtos licenciados.
Tudo começou com o projeto da Marvel Comics de levar suas histórias dos quadrinhos para as telonas e o desafio de fazer isso sem seus principais heróis, como Homem-Aranha e os X-Men, cujos direitos de adaptação haviam sido vendidos anos antes (quando a empresa estava falindo, vejam só…).
O resultado foi algo até então impensável na indústria do entretenimento: uma programação de lançamentos que incluía dezenas de filmes espalhados por mais de uma década e situados em um universo ficcional único, o chamado Universo Cinematográfico Marvel. Um plano ousado que começou com Homem de Ferro, lançado em 2008, e que chega ao seu ápice em Vingadores: Guerra Infinita, 19º filme da franquia que reúne quase todos os personagens e narrativas dos longas anteriores.
O plano ousado da Marvel já tem pelo menos outros 3 filmes em fase de produção e projetos previstos até 2022, e traz lições importantes sobre planejamento estratégico e integrado.
Da divisão dos lançamentos em fases, ao uso de referências e participações para ligar um filme ao outro, até a criação de um estúdio de cinema próprio, e a transformação de personagens quase desconhecidos em ícones da cultura pop, o Universo Cinematográfico Marvel é um case de sucesso de proporções astronômicas que mostra o importância do planejamento a longo prazo e das ações integradas e estratégicas.
Conclusão
Gostou das dicas? Tem outras sugestões de filmes e séries? Pegue sua pipoca e aproveite as possibilidades que o cinema e a TV oferecem em termos de entretenimento – e além.
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