A empresária Mylena Cooper, sócia do Crematorium Vaticano, explica como falar sobre a morte com crianças em artigo publicado na edição do dia 13 de fevereiro do Diário Catarinense.
Leia o artigo:
Como falar sobre a morte a crianças
Por Mylena Cooper, diretora do Crematório Vaticano
O jeito com que falamos sobre a morte, e explicamos esse processo para as crianças, é normalmente baseado em nossas próprias crenças e entendimento. Se compreender este fato da vida já é uma tarefa difícil para nós adultos; imagine para as crianças.
Em todos os meus anos de trabalho na funerária e no crematório da minha família, aprendi que ser questionada pela criança sobre a morte é uma dádiva, pois só perguntamos sobre aquilo que estamos preparados para debater. Por isso, ao falar com a criança sobre a morte, um bom começo é descobrir o que ela pensa sobre isso. É surpreendente ver a percepção que ela já possui!
A morte está nos desenhos, livros e filmes infantis, nos noticiários e nas conversas dos adultos. Muitos já vivenciaram a perda de um bichinho. Trabalhar com eles a morte dos bichos e das plantas de forma realista ajudará na compreensão do que é o falecimento e da sequência da natureza.
Quanto menor é a criança, mais ela acredita que a morte é reversível, como acontece em desenhos animados. Durante essas conversas é recomendável estar aberto, oferecer carinho para que os pequenos sintam-se seguros, e manter um vocabulário simples.
Criar mentiras pode parecer mais fácil, mas não deve ser incentivado. Falar que a pessoa falecida foi viajar cria a expectativa da volta e também pode gerar ansiedade extrema sempre que alguém da família for fazer uma viagem. Comparar a morte com um sono profundo pode deixar a criança com medo de dormir.
Levar os pequenos ao velório ou ao cemitério não é errado. As crianças são membros da família e têm direito de participar desse momento. As visitas ao cemitério ou à sala de memórias de cinzas são boas aberturas para elas exporem o que sentem. Ver os adultos tristes, chorando, e explicar que esse sentimento é normal, faz com que elas também possam desabafar.
Independente de convicção e religião, lembre-se sempre que a preocupação e o amor caminham juntos. Converse, escute, acalme e deixe que a criança possa vivenciar esse momento junto da família, compreendendo os fatos e o momento de acordo com o que ela tem capacidade para entender.
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